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Marilyn Monroe – a história de uma diva inesquecível

Se não o maior ícone pop dos últimos tempos com um rosto reconhecido a milhares de quilômetros, assim ficou conhecida a humilde Norma Jeane Mortenson, conhecida mundialmente pelo nome de Marilyn Monroe. Ela foi uma atriz estadunidense, cantora e modelo. Ficou famosa por diversas vezes interpretar o papel de “blonde bombshell” e foi um dos maiores sex symbols dos anos 1950 e 1960, encabeçando a era da revolução sexual.

Foi a atriz mais bem paga de Hollywood por uma década e seus filmes arrecadaram mais de 2 bilhões de dólares convertidos na moeda atual, até sua misteriosa morte em 1962. Permanece no 6º lugar das 25 maiores atrizes e lendas da Era de Ouro do Cinema Americano de acordo com o AFI (American Film Institute), ficando 16 posições a frente de sua musa inpiradora, Jean Harlow.

Antes do estrelato

Nascida e criada em Los Angeles, nos EUA, em 1 de Junho de 1929, a pequena Marilyn passou boa parte de sua infância e adolescência em orfanatos e lares adotivos. Apesar de sua infância ter sido considerada feliz, sua adolescência foi marcada por mudanças constantes de lar em lar, em casas de amigos de sua mãe, esta que adoeceu mais tarde de equizofrenia paranoide. Marilyn publicamente admitiu ter sido abusada sexualmente por quem detinha sua guarda antes de ser emancipada.

Para fugir desta vida, aceitou casar-se com seu primeiro marido aos 16 anos, James Dougherty. O casamento não durou porque pouco combinavam. Em 1943 James se alistou na Marinha Mercante levou Marilyn para a Ilha de Sana Catalina, fazendo-a largar os estudos para ser uma dona de casa.

Em 1944 com a ausência de seu marido, Monroe começou a trabalhar na fábrica de munições Radioplane Company em Van Nuys. Foi descoberta pelo fotógrafo David Conover, enviado pela Primeira Unidade Cinematográfica das Forças Aéreas do Exército dos EUA para fotografar as trabalhadoras das fábricas para elevar o moral da sociedade, que se concentrava para o esforço de guerra da Segunda Guerra Mundial.

Mesmo não tendo nenhuma de suas fotos publicadas, em 1945 ela se demitiu da fábrica para ser modelo em tempo integral para Conver e seus amigos fotógrafos. Desafiando a decisão de seu marido de não ir atrás de sua vida artística, ela se mudou e assinou um contrato com a Blue Book Model Agency, aos cuidados de Emmeline Snively.

"Eu não gostava do mundo ao meu redor porque era meio sombrio... Algumas das minhas famílias adotivas me mandavam para o cinema para me tirar de casa e lá eu ficava sentado o dia todo e noite adentro. Lá na frente, ali com a tela tão grande, uma garotinha sozinha, e eu adorava. Quando eu soube que isso era atuar, era o que eu queria para mim" - Marilyn Monroe

Primeiros anos como modelo

A agência de modelos decidiu que sua figura combinava mais com o estilo pin-up, fazendo-a aparecer em diversas revistas masculinas. Para sua aparência ficar mais comercial, aceitou ter seu cabelo pintado de loiro, além de alisá-lo. De acordo com Emmeline Snively, dona da Blue Book, Marilyn tornou-se rapidamente a modelo mais ambiciosa e trabalhadora da agência e em meados de 1946 ela já tinha sido capa de 33 revistas. Como modelo, ela ainda usava o pseudônimo de Jean Norman.

Neste trecho de uma rara entrevista com Emmeline, a dona da agência conta como foi os primeiros anos com a supermodelo e sua vontade incessante de aprender, algo que lhe foi negligenciado durante toda sua vida.

Primeiros (não tão importantes) trabalhos como atriz

Perseguindo seu sonho de ser atriz, Marilyn assinou um contrato com uma agência de talentos. Depois de uma entrevista fracassada com a Paramount Pictures, fez um teste de tela com o executivo Ben Lyon da 20th Century-Fox. O diretor executivo Darryl F. Zanuck não botou muita fé em sua nova contração, mas mesmo assim fê-la assinar um contrato prévio de seis meses para garantir sua exclusividade contra concorrentes.

Tendo seu contrato aprovado definitivamente em agosto de 1946, Lyon elegeu o nome de palco “Marilyn Monroe”, revivendo uma das estrelas da Broadway Marilyn Miller e adicionando o sobrenome de solteira da sua mãe, Monroe. No mesmo ano, ela se divorciou de James Dougherty, que era contra sua carreira artística.

Recentemente chegou ao público que possivelmente ela teria feito cirurgias plásticas no começo da carreira em 1950, como diminuição do nariz, aumento de queixo e eletrólise capilar para remover fios indesejados, desta forma ampliando seu rosto.

Nos primeiros meses na Fox, Marilyn estudou arduamente atuação, canto e dança, além de observar como os filmes eram feitos por trás das câmeras. Em 1947 teve pequenas participações nos filmes Dangerous Years (Idade Perigosa, 1947) e Scudda Hoo! Scudda Hay! (Torrentes de Ódio, 1948). Não teve seu contrato renovado.

Monroe estava determinada a ser uma atriz respeitada, e manteve-se sempre visível no círculo social de diretores da Columbia Pictures. Conseguiu assim em 1948 um papel de leve destaque em Ladies of the Chorus (Mentira Salvadora, 1948). 

 

"Quando pude ter o primeiro gostinho do que uma atuação real em um drama real poderia ser, e eu fiquei viciada" - Marilyn Monroe

Garota de calendário

Não tendo seu contrato renovado na Columbia, dedicou-se novamente à carreira de modelo, onde pôde posar para artistas pin-up de peso como Earl Moran, onde percebeu que tinha facilidade com o nu artístico. Mas ainda faltava o que mais queria: atuar. 

Em 1949 ela realizou um ensaio nu o fotógrafo Tom Kelley, mas contaremos mais tarde como esta polêmica na vida de Marilyn quase colocaria tudo a perder.

Rumo ao estrelato

O estrelato só chegaria anos mais tarde, depois de ser descoberta por Johnny Hyde, vice presidente da William Morris Agency, uma conhecida agência de talentos. Através dele, Marilyn conseguiu pequenos papeis, incluindo dois criticamente aclamados como All About Eve (A Malvada, 1950) e The Asphalt Jungle (O Segredo das Joias, 1950). Por mais que tenha tido pouco tempo de tela, ela ganhou uma menção na revista Photoplay e de acordo com o biógrafo Donald Spoto, ela de filme em filme foi se tornando uma atriz séria.

No mesmo ano, conseguiu negociar um contrato robusto de 7 anos com a 20th Century-Fox. De acordo com o contrato, eles optariam por não renovar ano após ano, o que fez seu amante Johnny Hyde morrer de um ataque cardíaco dia depois do anúncio, deixano Marilyn devastada.

Em 1951 foi coadjuvante em comédias como As You As You Feel (Sempre Jovem), Love Nest (O Segredo das Viúvas) e Let’s Make It Legal (Joguei Minha Mulher)

Com sua popularidade crescendo cada dia mais, já recebia muitas cartas de fãs. Foi coroada Miss Cheesecake de 1951 do jornal militar Stars and Stripes. O termo “cheesecake” era uma gíria americana que se tornou publicamente aceitável para fotos de mulheres seminuas ou nuas porque o termo pin-up era considerado tabu no início do século 20.

No ano seguinte, teve relacionamentos rápidos com diretores e atores famosos, mas nada se comparou a Joe DiMaggio, um jogador aposentado de baseball.

O termo “blonde bombshell”

Antes do termo “sex symbol” ser utilizado vastamente, “blonde bombshell” era uma gíria que identificava mulher muito sensuais com curvas acentuadas, silhueta ampulheta, seios fartos, sex appeal e personalidade marcante. O termo “bombshell” tem registro nos dicionários estadunidenses desde 1860 e significa basicamente algo ou alguém devastador. 

A primeira mulher a ser considerada uma “bombshell” ou subsequente “blonde bombshell”, ressaltando suas madeixas loiras foi a atriz Jean Harlow, conhecida por platinar seus cabelos – eternizada também no filme Platinum Blonde (1931) e foi essencial para a identidade visual que Norma buscava para sua persona de Marilyn Monroe, já que as duas tinham muitas semelhanças físicas, inclusive a altura: 1,55m. 

O termo “blonde bombshell” caiu em desuso depois da morte de Monroe por assumir uma conotação pejorativa às mulheres loiras, sendo associadas com a sua suposta falta de inteligência.

Mais atrizes aproveitaram da alta do termo “bombshell” para alavancar suas carreiras e alcançar o estrelato, como Rita Hayworth, Diana Dors, Jayme Mainsfield, Ava Gardner e muitas outras.

Jean Harlow, atriz famosa nos anos 1930

O escândalo da garota de calendário

Em 1952 ela foi alvo de um escândalo, onde revelou publicamente que tinha posado nua para um calendário em 1949. A estratégia adotada pelo estúdio foi que ela estava sem dinheiro na época, o que funcionou, fazendo com que a primeira Playboy de Hugh Hefner se tornasse apenas um capítulo em sua vida e o público ganhasse sua confiança. Funcionou de tal forma que aumentou drasticamente o interesse pelos seus filmes, tornando-a capa da revista Life como “A Fofoca de Hollywood”, onde a garota uma vez declarada uma como “cheesecake queen” se tornou em um “sucesso de bilheteria”. 

Nestes primeiros filme de sua carreira s é possível ver a atriz movendo seus lábios de maneira curiosa. Tal feito foi ensinado pela sua coach Natasha Lytess para emular um sorriso e falas sensuais, além de alongar seu rosto aumentando as proporções entre seu nariz e boca. Arquear a musculação da sobrancelha e também “fazer biquinho” com a boca era uma de suas outras técnicas. 

Três filmes rapidamente foram feitos para aproveitar o sucesso da novata, como Clash by Night (Só a Mulher Peca)Don’t Bother to Knock (Almas Desesperadas) e We’re Not Married (Travessuras de Casados).

Por mais que seu status de sex symbol estivesse consolidado, ela queria ser levada a sério como atriz, mas não conseguia ficar fora dos holofotes e colunas maliciosas. Tudo isso contribuiu negativamente para sua baixa autoestima nos sets de filmagem, deixando-a com a reputação de uma atriz problemática e perfeccionista. 

Para aliviar sua ansiedade e insônia crônica, começou a fazer uso de barbitúricos, anfetaminas e álcool. Seu comportamento mais tarde foi explicado por sexismo por parte de colegas de trabalho e diretores, sendo alvo constante de críticas e bullying.

Enfim... a fama chegou!

Niagara (1953)

Marilyn estrelou filmes em 1953 que a colocaram no patamar como a maior sex symbol mais bem paga dos EUA. No filme Niagara (Torrentes de Paixão), ela interpreta uma femme fatale que arquiteta o assassinato de seu marido.

Foi neste filme que ela usou pela primeira vez sua maquiagem-assinatura: sobrancelhas escuras arqueadas, pele pálida, lábios vermelhos e uma pinta perto da boca. O look foi idealizado pelo maquiador Allan “Whitey” Snyder. A diva fazia questão de não depilar os pêlos do rosto, que segundo ela davam um brilho inconfundível na tela, assim como o uso frequente de vaselina em algumas partes do rosto, efeito que conhecemos hoje como iluminador. Faremos um post apenas sobre suas técnicas de poses e maquiagem – fiquem ligados!

Para biógrafos, este foi o filme mais sensual da carreira da atriz, fazendo-a aparecer em algumas cenas apenas de toalha ou lençol. A cena mais famosa do filme é em que ela apenas anda de maneira sensual, mexendo seus quadris e perdendo-se no horizonte. Segundo a artista Alyona Yarushina, o jeito que Marilyn se movia tinha a ver com o balanço de seus quadris para compensar sua anatomia de joelho valgo. Em muitos momentos a atriz contornava este problema posando com os pés para fora, como uma bailarina, que costumam também comprimir suas coxas para treinar firmeza e equilíbrio, além de andar com os joelhos levemente dobrados para sua panturrilha não ficar proeminente, criando uma silhueta mais longilínea. Usar um olhar semicerrado para compensar a diferença dos olhos também tornou-se uma de suas marcas registradas.

Gentlemen Prefer Blonds (1953)

Em Os Homens Preferem as Loiras, a comédia musical foi baseada em uma peça de teatro. Lorelei Lee (Marilyn Monroe) e Dorothy Shaw (Jane Russell) são showgirls americanas e melhores amigas, embora muito diferentes. Lorelei pensa mais na riqueza e gosta de homens que possam sustentar sua paixão por diamantes, como seu noivo, Gus, que pode suprir todas as suas “necessidades” financeiras. Dorothy prefere homens bonitos e em forma e não se importam com sua riqueza.

Como uma forma de ganhar publicidade com o filme, tanto Marilyn, quanto Jane Russell eternizaram marcas de suas mãos e pegadas em cimento fora do Grauman’s Chinese Theatre, em Hollywood.

O filme se tornou um sucesso de bilheteria e até hoje está no imaginário coletivo com a música “Diamonds Are a Girl’s Best Friend”, sendo imitada inúmeras vezes nos anos subsequentes e também pela cantora Madonna em um de seus clipes mais famosos, “Material Girl” e diversas outras artistas a representarem o famoso papel de Lorelei Lee até hoje.

O estilista William Travilla desenhou os figurinos do filme, inclusive  o famoso vestido de gala de cetim em rosa choque, que teve sua cópia leiloada em 2010, por US$ 310.000, e descrito como “o figurino cinematográfico mais importante já leiloado”.

How to Marry a Millionaire (1953)

Seguindo a receita de Gentlemen Prefer Blonds, Marilyn novamente estrelou How to Marry a Millionaire (Como Agarrar um Milionário) com Betty Grable e Lauren Bacall, onde são modelos em busca de casar com um homem rico. 

Curiosidade: o CinemaScope mudou o formato de seus filmes para widescreen para trazer mais pessoas para o cinema. O formato deu tanto certo que hoje não conseguimos ficar sem ele, não é mesmo?!

Marilyn naturalmente sabia usar seu corpo para o papel de modelo, abusando de poses que alongassem sua silhueta.

River of No Return (1954)

Em 1954 antes de sua suspensão com a Fox, Marilyn atuou para o RIver of No Return (O Rio das Almas Perdidas), em que nas palavras dela era um “filme de cowboy de baixo orçamento em que a atuação terminou em segundo lugar para o cenário e o processo para CinemaScope”, mas foi o mesmo teve uma boa aceitação do público.

A música homônima ao filme é uma das mais belas gravações de Marilyn, onde sua atuação e emoções são transparecidas na música.

Casamento com Joe DiMaggio e apresentação na Coréia

Sendo uma das estrelas da Fox, não teve seu contrato alterado desde 1950, o que a fazia ganhar menos do que realmente valia. Também não lhe davam a devida seriedade que tanto almejava, se tornando constantemente alvo de críticas e perdendo contratos. Para evitar publicidade negativa, Marilyn casou-se com Joe DiMaggio em São Francisco, onde viajaram de carro pelo país. Após, Joe precisou ir ao Japão para treinar um time de baseball e Marilyn o acompanhou.

Quinze dias depois de sua chegada ao oriente, ela viajou à Coréia para cantar músicas famosas de seus filmes para mais para mais de 60 mil soldados estadunidenses.

"O ponto alto da minha vida foi cantar para os soldados de lá. Eu me destaquei em um palco aberto e estava frio, mas juro que não senti nada além de coisas boas" - Marilyn Monroe

The Seven Year Itch (1955)

Após muitas reviravoltas, conseguiu estabelecer um contrato com a Fox e um bônus de US$ 100.000, estrelando The Seven Year Itch (O Pecado Mora ao Lado), uma adaptação do sucesso da Broadway.

A icônica cena de onde está com um belo vestido branco em cima da ventilação do metrô com o vento soprando sua saia também causou furor. Para atrair mais publicidade, o estúdio pediu que ela repetisse a cena em frente a mais de 2000 pessoas. A cena repercutiu em diversas partes do mundo, o que fez seu então marido Joe DiMaggio ficar enfurecido. Com apenas 9 meses de casamento, Marilyn pediu o divórcio.

Curiosidade: por mais que a cena pareça autêntica, há registros cívicos de 1901 que mostram uma elegante senhora tendo sua saia levantada pela ventania dos dutos. Tal registro pode ter inspirado os diretores a reproduzirem a cena com Marilyn.

Sendo autêntica ou não, a cena icônica foi imortalizada em forma de uma estátua gigante de quase oito metros de altura chamada Forever Marilyn, em 2011 pelo artista Seward Johnson. A escultura atualmente está localizada em Palm Springs, no estado da Califórnia, EUA.

Marilyn Monroe Productions

Cansada de sempre estar nos mesmos papeis de sex symbol, Marilyn decidiu se mudar de Hollywood para a Costa Leste, quebrando seu contrato com a Fox e fundando seu próprio estúdio, chamado de Marilyn Monroe Productions. Seu fotógrafo Milton H. Greene teve grande influência nesta decisão e os dois se tornaram sócios. Ela foi a primeira mulher na história do cinema a ter sua própria produtora. Como seu bônus prometido pela Fox nunca havia chegado, abriu um processo longo contra a empresa.

Logo após, mudou-se para Manhattan e ficou todo do ano de 1955 para estudar atuação na escola Actors Studio, dirigido por Lee Strasberg. Marilyn se tornou rapidamente uma amiga da família Strasberg, tendo influência profunda em sua carreira dali em diante. Substitiu sua coach Natasha Lytess por Paula Strasberg, esposa de Lee. Foi influenciada também a fazer sessões de psicanálise, em que Lee acreditava ser essencial para confrontar traumas emocionais e usá-los para uma melhor atuação. “The Method” se tornou muito famoso entre diversos atores por fazê-los se conectarem profundamente com seus personagens.

Apesar do divórcio, continuou seu relacionamento com Joe DiMaggio, se envolvendo também com Marlon Brando e em seguida o dramaturgo Arthur Miller. Este último se divorciou de sua primeira esposa para ficar com a diva. 

O relacionamento com Arthur Miller levantou uma suspeita muito grande em cima de Marilyn, já que o movimento anti-comunista se expandia no país. Ele foi julgado pelo Comitê de Atividades Antiamericanas e ela se recusou a depor. Após esse evento, um arquivo no FBI foi aberto para investigar a fundo a atriz.

No fim do ano, assinou um novo contrato de 7 anos com a Fox, já que a MMP não tinha estrutura para financiar filmes sozinha. A Fox garantiu US$ 400.000 de orçamento para filmes, assim como ela ter a liberdade de escolher os próprios projetos e diretores. Ela teria direito a filmar um novo filme a cada um feito para a Fox também.

A volta para a Fox e filmes da MMP

Em 1956 foi comemorada a vitória em cima da Fox e a notícia foi amplamente comentada por revistas na época, se referindo à atriz de novata de outrora para uma hábil negociadora.

Em clima de faroeste, em Bus Stop (Nunca Fui Santa), interpreta Chérie, uma cantora de saloon cujos sonhos de estrelato são atrapalhados por um cowboy ingênuo que se apaixona por ela. Para o papel, ela aprendeu um sotaque de Ozark (influência apalache), além de escolher figurinos e maquiagem que não tinham o glamour de seus filmes anteriores, tendo pouca dança e canto. O diretor da Broadway, Joshua Logan, concordou em dirigir o filme, apesar de inicialmente duvidar de suas habilidades de atuação e saber de sua reputação de ser uma pessoa difícil.

As filmagens aconteceram em Idaho e Arizona, com Marilyn “tecnicamente responsável” como chefe do MMP, ocasionalmente tomando decisões sobre a cinematografia e com Joshua Logan se adaptando ao seu atraso crônico e perfeccionismo da atriz. A experiência mudou a opinião de Logan sobre Monroe, e mais tarde ele a comparou a Charlie Chaplin em sua habilidade de misturar comédia e tragédia num mesmo papel.

Em agosto, Monroe começou a filmar a primeira produção independente do MMP, The Prince and the Showgirl (O Príncipe Encantado), em Pinewood Studios, na Inglaterra. Baseado em uma peça de teatro de 1953 de Terence Rattigan, seria dirigido e co-produzido e co-estrelado por Laurence Olivier. A produção foi marcada por conflitos entre ele e Monroe. Olivier, que também dirigiu e estrelou a peça de teatro, irritou-a com a afirmação do diretor dizendo: “Tudo o que você precisa fazer é ser sexy”, e com sua exigência, ela repetiu infinitamente a interpretação de Vivien Leigh à perfeição. Ele também não gostava da presença constante de Paula Strasberg, coach de atuação de Monroe, no set. Em retaliação, Monroe não cooperou e começou a chegar atrasada que nunca, afirmando mais tarde a ele: “Se você não respeita seus artistas, eles não podem trabalhar bem”. Mesmo não tendo o mesmo sucesso dos filmes da Fox, a primeira produção independente ganhou três prêmios, sendo dois para Marilyn como melhor atriz estrangeira e o último para Sybil Thorndike como coadjuvante.

 

Foi neste mesmo ano que a atriz teve a honra de conhecer a recentemente falecida rainha da Inglaterra, Elizabeth II. O curioso é que ambas tinham a mesma idade quando o encontro aconteceu, quando tinham 30 anos. Organizadores reais instruíram as participantes do sexo feminino a se vestirem de maneira conservadora, mas o vestido que Marilyn escolheu usar ao conhecer a rainha Elizabeth II não se parecia com nada que eles tinham em mente. Feito de lamê dourado, justo ao corpo, um super decote e com alças finas e um detalhe do busto que descia até o chão, o vestido vinha completo com um capa e uma bolsa combinando. A monarca pareceu não se incomodar tanto com o vestido e sim com sua exuberante maquiagem. Ela podê conversar com a atriz por alguns minutos e comentou depois com um amigo da família: “Eu achei a senhora Monroe uma pessoa muito doce. Mas eu senti pena dela, porque ela estava tão nervosa que acabou lambendo todo o batom antes de me conhecer”. 

Hiatos e últimos filmes

Após a volta da Inglaterra, Marilyn teve um hiato de 18 meses das telas. Com Arthur Miller, dedicou-se a momentos em famíia.

O dramaturgo admite no documentário Arthur Miller: Writer” (2017) que lamenta profundamente o divórcio com a antiga esposa para passar os últimos anos da vida de Marilyn cuidando exclusivamente dela. Seus anos longe das máquinas de escrever devem-se a este cuidado constante pela atriz, que estava no auge do seu conhecido vício por calmantes e barburtúricos, ficando algum tempo inclusive internada em realibilitação. Durante este período, é provável que tenha sofrido de dois abortos por conta da endometriose. Ela frequentemente tinha cólicas fortes e complicações por conta da doença.

Marilyn e Greene não chegavam a conclusões sobre o rumo da MMP, então ela comprou a parte do antigo sócio. Em 1958 estrelou Some Like It Hot (Quanto Mais Quente Melhor), sendo considerado até hoje um dos melhors filmes americanos. O filme recebeu seis indicações ao Oscar, incluindo Melhor Atriz, Melhor Diretor e Melhor Roteiro Adaptado, vencendo por Melhor Figurino. Em 1989, a Biblioteca do Congresso o selecionou como um dos primeiros 25 filmes para preservação no Registro Nacional de Cinema dos Estados Unidos por ser “culturalmente, historicamente ou esteticamente significativo”. A música “I Wanna Be Loved By You”, cantada por Marilyn no filme, é uma das mais reconhecidas da sua carreira. Foi cantada pela primeira vez em 1928 por Helen Kane, que ficou conhecida por contribuir para a personagem Betty Boop ganhar vida.

Depois de Some Like It Hot, Monroe teve outro hiato até o final de 1959, quando estrelou a comédia musical Let’s Make Love (Adorável Pecadora). Ela escolheu George Cukor para dirigir o filme e Arthur Miller reescreveu parte do roteiro, que ela considerou particularmente fraco. Ela aceitou o papel apenas porque estava atrasada em seu contrato com a Fox. A produção do filme foi também atrasada por suas frequentes ausências no set. Durante as filmagens, Monroe teve um caso extraconjugal com seu colega Yves Montand, que foi amplamente divulgado pela imprensa e usado na campanha publicitária do filme, que infelizmente fracassou nas bilheterias. 

Truman Capote fez lobby para Monroe interpretar Holly Golightly em uma adaptação cinematográfica de Breakfast at Tiffany’s (Bonequinha de Luxo), mas o papel foi para Audrey Hepburn, pois seus produtores temiam que ela complicasse a produção. Conseguem imaginar como seria o filme sem a Audrey?

O último filme que Monroe completou foi The Misfits (Os Desajustados), de John Huston, que Miller escreveu para lhe dar um papel dramático. Ela interpretou uma mulher recentemente divorciada que se torna amiga de três cowboys idosos, interpretados por Clark Gable, Eli Wallach e Montgomery Clift. As filmagens no deserto de Nevada entre julho e novembro de 1960 foram novamente difíceis. O casamento de Monroe e Miller acabou logo após, e ele começou um novo relacionamento com a fotógrafa do set Inge Morath, com quem ficou casado o restante de sua vida.

Monroe não gostou que Miller tivesse baseado seu papel em parte em sua vida problemática, e achoua personagem inferior aos papéis masculinos. Ela também lutou contra o hábito de Miller reescrever cenas às pressas na noite anterior às filmagens. Sua saúde também estava falhando: ela estava com dores de cálculos biliares, e seu vício em remédios era tão grave que sua maquiagem geralmente tinha que ser aplicada enquanto ela ainda dormia sob o efeito de barbitúricos. Em agosto, as filmagens foram interrompidas para que ela passasse uma semana em reabilitação. Apesar de seus problemas, Huston afirmou que quando Monroe estava atuando, ela “não estava fingindo uma emoção. Era real. Ela ia fundo dentro de si mesma, a encontrava e trazia à consciência“. 

Problemas de saúde

Ela passou os primeiros seis meses de 1961 preocupada com seus problemas de saúde. Passou por algumas cirurgias para sua endometriose, e quatro semanas hospitalizada por depressão. Também mudou-se permanentemente de volta à Califórnia, comprando uma casa em 12305 Fifth Helena Drive em Brentwood, Los Angeles, no início de 1962.

Monroe voltou aos olhos do público na primavera de 1962. Ela recebeu o prêmio Globo de Ouro “World Film Favorite” e começou a filmar um novo filme para a Fox, Something’s Got to Give (sem tradução), um remake de Minha Esposa Favorita (1940). Seria co-produzido por MMP, dirigido por George Cukor e co-estrelado por Dean Martin e Cyd Charisse. Dias antes do início das filmagens, Monroe pegou sinusite, embora fosse desacreditava pela produtora. Apesar do conselho médico para adiar a produção, a Fox começou as filmagens como planejado no final de abril.

Em 19 de maio, ela fez uma pausa para cantar “Feliz Aniversário, Sr. Presidente” no palco na celebração do aniversário do presidente John F. Kennedy no Madison Square Garden, em Nova York. Ela chamou a atenção com seu figurino: um vestido bege colado coberto de strass, costurado à perfeição de seu corpo,  feito pelo estilista Bob Mackie. Recentemente, o vestido mais caro a ser vendido em um leilão foi polêmica, ao ser usado pela socialite Kim Kardashian em um evento – e que mais tarde se desculpou por depredar o artigo histórico.

A viagem de Monroe a Nova York causou ainda mais irritação aos executivos da Fox, que queriam cancelar seu contrato. De volta, Monroe filmou uma cena para Something’s Got to Give onde nadava nua em uma piscina. Para gerar publicidade antecipada, a imprensa foi convidada a tirar fotografias; ora publicados mais tarde. Esta foi a primeira vez que uma grande estrela posou nua no auge de sua carreira.

 

 

Quando ela estava novamente de licença médica por vários dias, a Fox decidiu que não poderia se dar ao luxo de ter outro filme atrasado já que estavam lutando com os custos crescentes de Cleópatra (1963). Em 7 de junho, a Fox demitiu Monroe e a processou por US$ 750.000 em danos. Ela foi substituída por Lee Remick, mas depois que Martin se recusou a fazer o filme com qualquer outra pessoa além de Monroe, a Fox também o processou e encerrou a produção. O estúdio culpou Monroe pelo fim do filme e começou a espalhar publicidade negativa sobre ela, alegando que que a atriz estava mentalmente perturbada.

A Fox logo se arrependeu de sua decisão e reabriu as negociações com Monroe no final de junho; um acordo sobre um novo contrato, incluindo o reinício de Something’s Got to Give e um papel de protagonista na comédia de humor What a Way to Go! (1964). Ela também estava planejando estrelar um filme biográfico de Jean Harlow, a grande inspiração para sua persona de diva.

The Last Sitting

Para reparar sua imagem pública, Monroe se participou de várias publicidades, incluindo entrevistas para as revistas Life, Cosmopolitan e sua primeira sessão de fotos para a Vogue.

Para a Vogue, ela e o fotógrafo Bert Stern colaboraram para duas séries de fotografias, uma editorial de moda padrão e outra dela posando nua, que foram publicadas postumamente com o título The Last Sitting. As fotos com o fotógrafo foram as últimas registradas publicamente, a apenas seis semanas de sua morte.

Marilyn Monroe faleceu no dia 04 de agosto de 1962, por uma overdose de remédios. Exames toxicológicos apontam que a quantidade ingerida pela atriz ultrapassa qualquer dosagem letal. A cripta de Monroe está localizada no cemitério Westwood Village Memorial Park em Westwood Village (Los Angeles, Califórnia, USA). Depois de 1973, as suspeitas sobre a morte voltaram à tona e em 1982 a população exigiu investigações mais profundas.

A atriz também notadamente teve um caso com os irmãos Kennedy, onde se encontravam em segredo. Tal passagem pode ser vista em um documentário da Netflix, The Mystery of Marilyn Monroe: The Unheard Tapes (2022), com cenas e entrevistas inéditas, trazendo novamente o assunto à tona, especialmente sobre sua misteriosa morte. 

Em 2022 também será lançando um filme em homenagem à diva, interpretado pela atriz Ana de Armas. Blonde (2022) está prometendo ser um dos melhores filmes lançados do ano. Após mais de 60 anos após sua morte, a atriz inesquecível continua sendo um ícone da cultura pop e de polêmicas.

Filmografia

  • Dangerous Years (1947)
  • Scudda Hoo! Scudda Hay! (1948)
  • Ladies of the Chorus (1948)
  • Love Happy (1949)
  • A Ticket to Tomahawk (1950)
  • The Asphalt Jungle (1950)
  • All About Eve (1950)
  • The Fireball (1950)
  • Right Cross (1951)
  • Home Town Story (1951)
  • As Young as You Feel (1951)
  • Love Nest (1951)
  • Let’s Make It Legal (1951)
  • Clash by Night (1952)
  • We’re Not Married! (1952)
  • Don’t Bother to Knock (1952)
  • Monkey Business (1952)
  • O. Henry’s Full House (1952)
  • Niagara (1953)
  • Gentlemen Prefer Blondes (1953)
  • How to Marry a Millionaire (1953)
  • River of No Return (1954)
  • There’s No Business Like Show Business (1954)
  • The Seven Year Itch (1955)
  • Bus Stop (1956)
  • The Prince and the Showgirl (1957)
  • Some Like It Hot (1959)
  • Let’s Make Love (1960)
  • The Misfits (1961)
  • Something’s Got to Give (1962–não terminado)

Bônus: vestidos icônicos de Marilyn Monroe

Clique nas fotos para vê-las ampliadas!

Bônus: Milton H. Greene, o amigo e fotógrafo inseparável da diva

O trabalho de Greene com Marilyn Monroe (a quem ele fotografou pela primeira vez para uma capa para a revista Look em 1953) mudou o curso de sua carreira. 

Os dois iniciaram uma amizade e, quando Monroe deixou Los Angeles para estudar atuação com Lee Strasberg em Nova York, ela ficou com Greene, sua esposa Amy e seu filho Joshua em Connecticut. Juntamente com Greene, Monroe formou a Marilyn Monroe Productions, uma produtora em um esforço para ganhar o controle de sua carreira. Greene iria produzir Bus Stop (1956) e The Prince and the Showgirl (1957). 

Os dois também colaboraram em cerca de 53 sessões de fotos, algumas das quais ficaram conhecidas, incluindo “The Black Sitting”. A fotografia de Greene para uma dessas sessões em 1954 com Monroe em um tutu de balé foi escolhida pela Time Life como uma das três imagens mais populares do século 20. A amizade de Monroe e Greene terminou após a produção de The Prince and the Showgirl em 1957, onde Monroe demitiu Greene.

 

Veja mais ensaios do fotógrafo com a diva:

Fotos externas  / Fotos em estúdio / Fotos em polaroid

Abaixo o vídeo de uma pessoa folheando páginas do livro The Essential Marilyn Monroe – por Milton H. Greene.

Primeira capa fotografada por Milton H. Greene para Marilyn Monroe em 1953
"The Ballerina Sitting" - uma das fotos mais famosas do mundo

Fontes

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